Esse
é mais um dia, e por detrás do balcão eu posso ver seus cabelos ruivos e seus
óculos Cult, ela sobe e desse as escadas rolante, hoje bem mais calma que
ontem, quando seu namorado estava acompanhando- a. Ele veste sempre algo bem
fino e discreto, tem ar de superior e olhar de desprezo. Ele não sabe como fazê-la feliz, pois ela entra e compra duas roupas da mesma cor e diz que é
diferente, ele fala mal das duas e diz que é tudo igual, ele não sabe como fazê-la
feliz, pois ela desce as escadas sorrindo de mãos dadas, mas o que queria era
soltar sua mão e correr, ele não sabe como fazê-la feliz.
Já passa das dez da manhã, ela não almoçou e
toma um sorvete, talvez de morango ou algo bem parecido, veste aquele casaco
que eu gosto um cinza com rosas, rosa. Ela nunca almoça como alguém normal, nem
nunca em horário normal, ela come a sobremesa antes da refeição e pelo que
vejo, ela gosta, eu vejo que ela já se levantou e caminha ate a praça de
alimentação, servisse, entra na fila, paga o que deve, senta, passa um bom
tempo olhando o nada enquanto mastiga, acho bem interessante, já que faço o
mesmo. Duas da tarde ela volta. Saciada.
Um, dois, três, cupons fiscais, afinal é
natal. O dia esta cheio, eu procura ela entre os enfeites na vitrine, e la
esta, esperando por mim, espera que eu a admire, ela só esta la, sendo ela
mesma, viajando em seus devaneios, calça sapatilhas roxas, ou talvez seja lilás,
pois eu não sei distinguir. Olha para a direita e esquerda, ela espera, ele
chega, pega em sua mão, sorri, ela sorri de volta e já esta apaixonada, sobe as
escadas, desce, e ele não sabe como fazê-la feliz.
Acabou, é o fim do dia, as portas se fecham,
cinzas, pretas, rosas. Não há vejo mais, ela não existe uma hora dessas, ele a
levou para um lugar onde não poderá amá-la corretamente. Enquanto caminho pelos
corredores cheios de refugiados, cansados, esquecidos, fugidos, ignorados. Vejo
todos os mesmos rostos, todos iguais, alguns vejo mais que outros, mas não há vejo
mais.
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