segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

the redhead




   Esse é mais um dia, e por detrás do balcão eu posso ver seus cabelos ruivos e seus óculos Cult, ela sobe e desse as escadas rolante, hoje bem mais calma que ontem, quando seu namorado estava acompanhando- a. Ele veste sempre algo bem fino e discreto, tem ar de superior e olhar de desprezo. Ele não sabe como fazê-la feliz, pois ela entra e compra duas roupas da mesma cor e diz que é diferente, ele fala mal das duas e diz que é tudo igual, ele não sabe como fazê-la feliz, pois ela desce as escadas sorrindo de mãos dadas, mas o que queria era soltar sua mão e correr, ele não sabe como fazê-la feliz.


   Já passa das dez da manhã, ela não almoçou e toma um sorvete, talvez de morango ou algo bem parecido, veste aquele casaco que eu gosto um cinza com rosas, rosa. Ela nunca almoça como alguém normal, nem nunca em horário normal, ela come a sobremesa antes da refeição e pelo que vejo, ela gosta, eu vejo que ela já se levantou e caminha ate a praça de alimentação, servisse, entra na fila, paga o que deve, senta, passa um bom tempo olhando o nada enquanto mastiga, acho bem interessante, já que faço o mesmo. Duas da tarde ela volta. Saciada.


   Um, dois, três, cupons fiscais, afinal é natal. O dia esta cheio, eu procura ela entre os enfeites na vitrine, e la esta, esperando por mim, espera que eu a admire, ela só esta la, sendo ela mesma, viajando em seus devaneios, calça sapatilhas roxas, ou talvez seja lilás, pois eu não sei distinguir. Olha para a direita e esquerda, ela espera, ele chega, pega em sua mão, sorri, ela sorri de volta e já esta apaixonada, sobe as escadas, desce, e ele não sabe como fazê-la feliz.


   Acabou, é o fim do dia, as portas se fecham, cinzas, pretas, rosas. Não há vejo mais, ela não existe uma hora dessas, ele a levou para um lugar onde não poderá amá-la corretamente. Enquanto caminho pelos corredores cheios de refugiados, cansados, esquecidos, fugidos, ignorados. Vejo todos os mesmos rostos, todos iguais, alguns vejo mais que outros, mas não há vejo mais.

   Levanto, tomo café da manhã, me visto. Já estou aqui do outro lado, a espera que ela apareça para tomar a sobremesa antes da refeição. Com o casaco que eu gosto a sapatilha também, saboreia seu sorvete enquanto eu observo. Não me permito só olhar, hoje tomo coragem, enquanto caminho penso, um, dois, três, cupons fiscais, um sorvete, uma refeição atrasada, toco sua mão, e meu ombro é tocado, olho para trás, é minha namorada, ela me chama para ir, pois já escolheu o que ia comprar ,duas saias amarelas, eu odeio, pois para mim parece tudo igual, mas ela esta feliz, e espera na fila uma garota ruiva que ira atende-la. 

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